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Nos meus poucos dias
de pai – digo, pai com bebê no colo – muitas pessoas me perguntam sobre como é
ser pai. Sobre o que muda com essa tal paternidade. Ao mesmo tempo que sou o
mesmo, agora sou totalmente novo. Sou outro, sou pai. Eu nem pensava que isso
pudesse significar tanta mudança, apesar de ter ouvido muito isso.
Eu me preparei
bastante para a chegada da minha filha. E sempre me vi como pai, cuidando de um
bebê. Mas passar pela experiência é quase indescritível. De uma hora para outra
me vejo largando o espelho, meu companheiro de tanto tempo, com cabelos
esparramados mesmo, para acolher o chorinho da minha filha. E comer? Isso não é
mais prioridade! Quantas vezes já me peguei deixando a comida que acabei de
colocar no prato, depois de estar com bastante fome, para ver a razão de um
choro, uma gemida...
Outro dia, até na rua
me peguei pensando diferente. Antes de atravessar a rua esperei cautelosamente
– não que eu não fosse cauteloso antes, mas dessa vez fui ainda mais. E então
quando atravessei me sentindo seguro, pensei: “É, se cuide para chegar em casa
para sua bebê e sua esposa que te esperam lá”. Estranho. Ser pai faz com que ao
mesmo tempo que a bebê seja uma prioridade, eu cuide muito bem de mim mesmo.
Entre outras mudanças,
agora ando cheirando bebê. Trocas de fraldas, banhos e tempo no colo, tudo isso
deixa o famoso “cheirinho de bebê” impregnado na roupa ou na pele. Tem coisa
melhor? Ser pai muda tudo!